Antero Coelho Neto
03 Jun 2009
Várias pessoas me questionaram sobre o artigo publicado na revista Veja, destacando como podemos ganhar mais anos de vida “boa” e com “qualidade”. Será mesmo verdade isso que a revista publicou?
Quando regressei em 1994, da OPS/OMS e em artigos e entrevistas na mídia, falava de nossas possibilidades presentes e futuras de maior longevidade, soube que alguns amigos duvidavam e um deles chegou a dizer: “O Antero voltou maluco...”
Eu destacava números de organizações internacionais e de pesquisadores conhecidos mundialmente pela seriedade e grandezas. Pois aconteceu que vários desses números tidos como fantasiosos foram superados.
A evolução das ciências responsáveis pelo nosso funcionamento e desenvolvimento orgânico e psicológico, a melhoria das condições ambientais, o uso de práticas já conhecidas de comportamento saudável e de medicamentos modernos têm possibilitado alcançar esses valores.
Os elementos apresentados pela revista estão comprovados por várias pesquisas em organizações de grande destaque. Algumas delas até encontraram resultados mais animadores.
Alguns pesquisadores também famosos, no entanto, descartam a idéia de novos avanços tecnológicos e científicos, dentro do critério de “avanços em progressão geométrica”. Assim sendo, os avanços supostos para aumentos nos próximos 100 anos, chegando até a afirmativa de que alcançaremos em torno de 200 anos de perspectiva de vida, serão dificultados por uma série de impedimentos de nossa própria estrutura física e mental. Dizem alguns que, depois de 80 a 100 anos de perspectivas de vida, mesmo em países como França e Japão, não teremos possibilidades de avanços maiores. Os otimistas, que são muitos, recusam dizendo que esses avanços são imprevisíveis e não são colocados como indicadores nas pesquisas atuais nos seus devidos valores.
Seja como for, a maior importância da valorização dos principais condicionantes de nossa longevidade está também no fato de que eles estão associados a outros elementos estruturais como a prática de uma vida com hábitos e costumes saudáveis em seus aspectos físicos, químicos, biológicos, sociológicos, culturais e espirituais. Verdade que muita coisa tem de ser incorporada a nossa prática de vida diária, principalmente em certas populações do globo para podermos ter uma maior longevidade. Alguns desses condicionantes são simplesmente olvidados e pouca importância lhes é dada. No Brasil, vários são ainda os elementos que são esquecidos pela população e mesmo pelos órgãos de comunicação como a proteção contra os fatores de riscos físicos e químicos.
Termino lembrando que a verdade da longevidade está no equilíbrio: físico, químico, psicológico, biológico, sociológico e espiritual, o que nem sempre é fácil de conquistar e, algumas vezes não são aqueles elementos “espetaculares” que a mídia gosta de comentar.
ANTERO COELHO NETO
Médico e professor
acoelho@secrel.com.br
http://www.opovo.com.br/